MELHORES MÚSICAS / MAIS TOCADAS
camané - a cantar é que te deixas levar
A cantar, A cantar é que te deixas levar
A cantar - Tantas vezes enganada te vi
Ai Lisboa
Quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti
Lenço branco
Perdeste-te no cais
Pensaste "nunca mais"
Disseram-te "até quando"?
A cantar
Fizeram-te calar
A dor que, para dentro, ias chorando
Tanta vez
Quiseste desistir
E vimos te partir
Sem norte
A cantar
Fizeram-te rimar
A sorte que te davam com má sorte
A cantar, a cantar é que te deixas levar
A cantar tantas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti
Tanta vez
Para te enganar a fome
Usaram o teu nome
Nas marchas da Avenida
A cantar
Puseram-te a marchar
Enquanto ias cantando distraída
A cantar
Deixaram-te sonhar
Enquanto foi sonhar à toa
A meu ver
Fizeram-te esquecer
A verdadeira marcha de Lisboa
A cantar, a cantar é que te deixas levar
A cantar tantas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti
A cantar, a cantar é que te deixas levar
A cantar tentas vezes enganada te vi
Ai Lisboa, quem te dera estar segura
Que o teu canto é sem mistura
E nasce mesmo de ti
camané - a luz de lisboa
Quando Lisboa escurece
E devagar adormece
Acorda a luz que me guia
Olho a cidade e parece
Que é de tarde que amanhece
Que em Lisboa é sempre dia
Cidade sobrevivente
de um futuro sempre ausente
de um passado agreste e mudo
Quanto mais te enches de gente
Mais te tornas transparente
Mais te redimes de tudo
Acordas-me adormecendo
E dos Sonhos que vais tendo
Faço a minha realidade
E é de noite que eu acendo
A luz do dia que aprendo
Com a tua claridade
camané - à mercê de uma saudade
O amor anda à mercê duma saudade
Com ele anda sempre a ilusão
O nosso amor não tem a mesma idade
Mas tem a mesma lei no coração
Sabemos qual a ânsia da chegada
E nunca recordamos a partida
Trazemos na memória renegada
A dor de uma distância sem saída
Existem entre nós sonhos calados
Que a vida não permite acontecer
Por vezes sigo os teus olhos parados
E sinto que é por ti que vou viver
Recuso lamentar a minha entrega
Teus braços são a minha liberdade
O amor é fantasia que nos cega
É força que transforma a realidade
camané - a minha rua
Mudou muito a minha rua
Quando o outono chegou
Deixou de se ver a lua
Muitas portas estão fechadas
Já ninguém entra por elas
Não há roupas penduradas
Nem há cravos nas janelas
Não há marujos na esquina
De manhã não há mercado
Nunca mais vi a varina
A namorar com o soldado
O padeiro foi-se embora
Foi-se embora o professor
Na rua só passa agora
O abade e o doutor
O homem do realejo
Nunca mais por lá passou
O Tejo já não o vejo
Um grande prédio o tapou
O relógio da estação
Marca as horas em atraso
E o menino do pião
Anda a brincar ao acaso
A livraria fechou
A tasca tem outro dono
A minha rua mudou
Quando chegou o outono
Há quem diga "ainda bem",
Está muito mais sossegada
Não se vê quase ninguém
E não se ouve quase nada
Eu vou-lhes dando razão
Que lhes faça bom proveito
E só espero pelo verão
P´ra pôr a rua a meu jeito
camané - a noite e o dia
Ai foi o dia que invadiu a noite
ou foi a noite que invadiu o dia
a chuva contra o vidro, leve açoite
quase saudade ou triste alegria
Minha alma quieta em desassossego
já madrugada ou ainda manhã
nenhuma sombra sobre o mundo cego
e, no entanto, a escuridão que há
O tempo fraco ou o tempo forte
luz do que foi, dor do que há-de vir
simples vazio ou amor de morte
verdade a chuva e os céus a fingir
Ai foi o dia que invadiu a noite
ou foi a noite que invadiu o dia
chove no meu destino, duro açoite
clara saudade ou negra alegria
camané - a saudade aconteceu
Há pouco quando ficaram
Teus olhos presos nos meus
Quantos segredos contaram
Quantas coisas revelaram
Nessa confissão meu Deus
No silêncio desse adeus
Há pouco quando teimosas
Duas lágrimas rolaram
Trementes silenciosas
Deslizaram caprichosas
E nos teus lábios pararam
E nosso beijo selaram
Há pouco quando partiste
Todo o céu enegreceu
Ainda bem que tu não viste
Formou-se uma nuvem triste
Chorou o céu e chorei eu
E a saudade aconteceu
camané - ah quanta melancolia
Ah quanta melancolia
Quanta, quanta solidão
Aquela alma que vazia
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração
Que angústia desesperada
Que mágoa que sabe a fim
Se a nau foi abandonada
E o cego caiu na estrada
Deixai-os que tudo é assim
Sem sossego, sem sossego
Nenhum momento de meu
Onde for que a alma emprego
Na estrada morreu o cego
A nau desapareceu
camané - antes do grito
Foi a mão sem anéis, antes da luva
Sorriso breve, antes do beijo lento.
Foi a rosa, entreaberta antes da chuva.
Foi a brisa, encontrada antes do vento.
Foi a noite, a inocência na demora.
Foi a manhã - verde janela aberta:
Dois corpos lisos que se vão embora
Como a acordar a praia, ainda deserta.
Foi a paz, o silêncio antes do grito.
Foi a nudez, antes de ser brocado?
E foi, o cântico interdito
E todo o meu poema recusado!
camané - aquela triste e ieda madrugada
Aquela triste e Ieda madrugada
Cheia toda de dor e piedade
Enquanto houver no mundo saudade
Quero que seja sempre celebrada
Ela só quando alegre e marchetada
Saía dando à terra claridade
Viu apartar-se de uma, outra vontade
Que nunca poderá ver-se apartada
Ela só viu as lágrimas em fio
Que de um e de outros olhos derivadas
Juntando-se formaram largo rio
Ela ouviu as palavras magoadas
Que puderam tornar o fogo frio
E dar descanso às almas condenadas
camané - balada
Na rua da solidão,
Sem alegrias nem dores,
Habita o meu coração
À espera dos seus amores.
Meus amores onde estão?
Uns partiram sem querer,
Andam perdidos alguns,
Outros são meus sem os ter
Como se fossem nenhuns.
Quando e como os posso ver?
Há castelos, há inimigos,
Que não os deixam passar,
Mas sei que não temem perigos
E sei que me ouvem chamar.
Quero meus os seus castigos!
Da rua da solidão,
Onde o sol mal chega às flores,
Parte, vai, meu coração,
Em busca dos teus amores.
Meus amores vencerão.
camané - bicho de conta
Meu pobre bicho de conta
Que te enrolaste de vez,
Já não vives nos jardins,
Já não sentes, já não vês.
Só sei, meu bicho de conta,
Que te enrolaste de vez.
Minh?alma, se te matei,
Perdoa por esta vez.
Fiz-te aspirar tão acima
Que desceste onde hoje vês,
A seres um bicho de conta
Que te enrolaste de vez.
Não deixes o desespero
Ferir-te onde tu não vês.
Há mais coisas nesta vida,
Mais prazeres, que não vês,
Que essa dor que te atingiu
E que te enrolou de vez.
camané - brado
Fosse por horas contado
O vento que nos afasta
Seria o mais longo fardo
Com essa força de um brado
Que a garganta nos desgasta
Fosse por dias contado
Todo o mar que nos separa
Seriam dias a nado
Sem nada mais que o brado
De quem nas vagas naufraga
Fosse por meses contado
O céu que não nos agarra
Seria um céu desdobrado
Multiplicado no brado
De cem milhões de guitarras
Só de outros modos contado
Pode ser o que nos mata
Só por gritos de afogados
Só por séculos de fado
Só por milénios de nada
camané - canção
Não te deites coração,
À sombra dos teus amores.
Não durmas, olha por eles,
Com alegrias e dores.
Não tenhas medo. O calor
Que vem das serras ao mar,
Erguendo incêndios, não queima
O que não é de queimar.
Agradece ao vento frio
Que traz chuva miudinha:
É neve que se aproxima,
Tormenta que se avizinha...
Nos incêndios naturais
Queimo ramos de saudades
E faz a tua canção
Do grito das tempestades.
camané - ciúmes da saudade
Se não matas a saudade
Quando morres de vontade
De pôr à saudade fim
É talvez porque preferes
Ter da saudade o que queres
E não me pedes a mim
A saudade em que me deixas
É penhor das tuas queixas
Por não dizeres a verdade
Bastava que me pedisses
De cada vez que me visses
O que pedes à saudade
O que dás, se me não vês,
Não consigo que me dês
Por timidez ou vaidade
E a saudade que vais tendo
Com ela vives, morrendo
P?ra me matares de saudade
Talvez seja o que tu queres
E é por isso que preferes
A saudade em vez de mim
Morrendo os dois de saudade
Temos toda a eternidade
P?ra pôr à saudade fim
camané - complicadíssima teia
Quem põe certezas na vida
Facilmente se embaraça
Na vil comédia do amor;
Não vale a pena ter alma
Porque o melhor é andarmos
Mentindo seja a quem for
Gosto de saber que vives,
Mas não perdi a cabeça
Nem corro atrás do desejo;
Quem se agarra muito ao sonho
Vê o reverso da vida
Nos movimentos dum beijo.
Ando queimado por dentro
De sentir continuamente
Uma coisa que me rala;
Nem no meu olhar o digo
Que estes segredos da gente
Não devem nunca ter fala.
Talvez não saibas que o amor,
Apesar das suas leis,
Desnorteia os corações;
- Complicadíssima teia
Onde se perde o bom senso
E as mais sagradas razões.
Cds camané á Venda