caio prado - anomia
Ã? quando um talvez
Seja tarde
Pra molhar os dreads
Pra banhar o tédio
Por mais uma vez
A poeira fica
O tempo complica
Já é meia-noite - apague a luz
Perdoe talvez
Enganei o bobo na casca do ovo
Traidor traído é só
Por mais uma vez
Acordei as três
Não sei se é cinza o céu
Bate a pressa
De um jeito tolo
Com mil perguntas
Com mil respostas
Reza ao vento
Ventando as mágoas
Será que amanhã vai chover?
Quero estender a velha alma no varal
Sujei-a
Lavei-a
Sequei-a
Pra nunca mais vestir você
Entrego ao sol
A decisão de escurecer
Avante leopardo avante
Permeie nessa roda gigante
Galope saltitante na mudança da alma
Eu sei que é na dor que você mostra os seus
Avante leopardo avante
Semeie nessa selva excitante
Ã? tão estimulante a felicidade
Estenda a alma velha no varal
caio prado - cantiga do início
Na toada à capela
Eu guio a minha voz
Desafino por capricho
Nos lampejos da emoção
Sem ter hora
Sem ter pressa
Pra deixar essa canção
Veraneio longas notas
Musicando a procissão
Dissecaste o meu corpo pela boca
Onde salta o coração
Dissipou das minhas cordas
Não de aço
Puro sangue
O meu amor
caio prado - lamento
Lamento
Não temo a palavra adeus
Não vou chorar por muito tempo
Nessa falácia eu me rebento
Lamento
Nem todos os versos são só teus
Não vou cobrar teu sentimento
Livrai-me agora da degola de ser teu
Lamento
Caiu no sofrimento
E foi morar
Na casa da saudade
E dessa abstinência que invade
Sinto falta de ser meu
E dessa abstinência camuflada de saudade
Sinto falta de ser meu
caio prado - maldade do meu bem
Meu bem tem o mal com gosto de câncer
Tem o signo incompreendido
Xinga de quatro em avalanche
Berra em despacho pra amor distante
Conforme o instante
Não tem fim
Não tem meio
Não tem fim
Faz jus
Bem pelo bem
E o mal pelo mal
Meu bem me quer mal me quer
Meu bem me ama
Mas sofre de maldade
Faz o mal querendo sempre o bem
Amor meu bem
Tem Cep escondido
No mundo mais imundo
Submundo dos cegos
Tem a tristeza da solidão
Da despesa da incompreensão
Come mal com bem
Geme mal, bem mal
Sem os vícios
Veste sol
Meu bem me quer mal me quer
Meu bem me ama
Mas sofre de maldade
Faz o mal querendo sempre o bem
caio prado - não recomendado
Uma foto, uma foto
Estampada numa grande avenida
Uma foto, uma foto
Publicada no jornal pela manhã
Uma foto, uma foto
Na denuncia de perigo na televisão
Uma foto
Estampada na avenida
Uma foto
Publicada no jornal
Uma foto
Na denuncia de perigo na televisão
A placa de censura no meu rosto diz
Não recomendado a sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz
Não recomendado a sociedade
A placa de censura no meu rosto diz
Não recomendado a sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz
Não recomendado a sociedade
Pervertido, mal amado, menino malvado
Muito cuidado, má influencia, péssima aparência
Menino indecente, viado
Pervertido, mal amado, menino malvado
Cuidado, má influencia péssima aparência
menino indecente, viado
A placa de censura no meu rosto diz
Não recomendado a sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz
Não recomendado a sociedade
A placa de censura no meu rosto diz
Não recomendado a sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz
Não recomendado a sociedade
Não olhe nos seus olhos
Não creia no seu coração
Não beba do seu copo
Não tenha compaixão
Diga não, aberração
A placa de censura no meu rosto diz
Não recomendado a sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz
Não recomendado a sociedade
A placa de censura no meu rosto diz
Não recomendado a sociedade
A tarja de conforto no meu corpo diz
Não recomendado a sociedade
caio prado - prelúdio
Nessa casa de vidros ancestrais
Mora um sábio escondido dos bossais
Não viveu a paz dos seus cristais
Nessa bolha de curas ideais
Pensa o mundo feito um Deus Ocidental
Não existe o eu, fora dos nós
Não seremos mais sem sermos
caio prado - se um dia
Se um dia eu quiser morrer
Nada terá a ver
Com a chuva da manhã
Com a chuva da manhã
Descarte a profusão do trânsito
A impaciência da fila do banco
A incoerência dessas horas
Ausência das contas não pagas
Ausência dos vencimentos
Ausência da miséria
Ausência do dinheiro
Se um dia eu quiser morrer
Haverá música
Se me permitir morrer
Será por amor a vida
caio prado - variável eloquente
A manhã que acorda nunca é
A que vai dormir
A manhã que acorda nunca é
A que vai dormir
Seja a morte nascer do dia
Morre-se a cada dia
Sabedoria é desaprender
O que se finge saber
Sabedoria é desaprender
Por pouco eu quebrei a vidraça, a janela
Por pouco eu cravei essa faca à costela
Condenado feito bicho na coleira
Por pouco eu quebrei a vidraça, a janela
Por pouco eu cravei essa faca à costela
Condenado feito bruxa na fogueira
Vegeta sonha fogo
Renasce da rima, aprende na cinza
Sabor da latente, amor inocente
Variável eloquente
Ensaiei um dia surtar
Do clarão e do breu, enganado ateu
Verdadeira manhã, natureza irmã
Seja anjo ou demônio
Ensaiei um dia surtar